Não devíamos estar a festejar a chegada de 2020 mas sim desejar 2021!
Ainda com poucas horas passadas deste Natal, e porventura à procura dos
sais de frutos Eno, ou do velho e popular efervescente Alka-Seltzer para
corrigir eventuais excessos cometidos nestes dias, preparo o aparelho
digestivo para a chegada do novo ano de 2020 brindado, quiçá, com
champagne e uvas passas, em noite de réveillon. Com uma certeza:
estamos a menos de dois anos das autárquicas de 2021.
E confesso, com muita preocupação, que não devíamos estar a festejar a
chegada de 2020 mas sim desejar 2021, tão gritante é a necessidade de se
clarificar a situação política que se vive na nossa câmara e das ameaças
atentatórias da nossa vivência democrática.
O BTF foi a primeira força política representada nos órgãos autárquicos do
município e das freguesias, a pronunciar-se sobre a necessidade urgente
da clarificação das forças políticas barcelenses acerca da situação que se
vive no nosso concelho, particularmente as representadas nos órgãos do
município.
O BTF definiu as suas linhas orientadoras de ação política, com eleições
intercalares ou, na pior das hipóteses, preparar 2021. Tais orientações
foram tornadas públicas e são conhecidas, assumindo um compromisso
quanto à sua disponibilidade de cooperação com outras forças políticas na
busca de soluções urgentíssimas para a câmara municipal. Esta situação é
insustentável!
Da minha parte assumo aqui, publicamente, o compromisso pessoal de
renunciar ao mandato e apelar a todos os membros que constituem as
listas das forças políticas concorrentes à câmara a renunciarem aos
mandatos eleitos, até aos suplentes, e termos eleições autárquicas
intercalares até ao final do mês de fevereiro de 2020.
Deste modo poderemos aferir quem, afinal, está ou não agarrado ao
poder e dele não se querer desvincular, com todos os prejuízos que dia a
dia tornam a nossa câmara cada vez mais ingovernável. Já dei provas do
total desprendimento de todos os órgãos para os quais fui eleito,
incluindo o lugar de deputado à AR. Sinto, com muita mágoa, que cada dia
que passa corresponde a muito tempo perdido. É preciso que cada um
assuma as suas responsabilidades.
O PS e o PSD estão num período eleitoral interno para escolha das suas
lideranças locais: o PS, no início de fevereiro do próximo ano; o PSD, no
seu primeiro semestre.
De qualquer forma, e sem querer imiscuir-me na vida interna dos partidos,
não posso deixar de apelar para que Barcelos esteja em primeiro lugar e
que cada candidatura saiba apresentar aos barcelenses e aos seus
militantes as verdadeiras e reais consequências se tudo se mantiver na
mesma até 2021. Bem sabemos que neste quadro só o BTF é verdadeira
alternativa.
Se nada mudar e nada for feito, Barcelos será, irremediavelmente, um
concelho adiado no seu desenvolvimento. O défice democrático imposto
pelo poder dominante contra as oposições, os sucessivos tiques de
autoritarismo, demonstram a inevitabilidade de mudar urgentemente este
panorama político.
Esperar até 2021 é muito tempo. Demasiado tempo!
Domingos Pereira – Vereador do BTF na CM de Barcelos.
Com a edição de hoje, 26 de dezembro de 2019, do Jornal Barcelos Popular.
Resistir é Vencer!
Dos poucos dias que restam para virar a página de um ano quase no seu término e já com o olho à espreita na entrada no de 2020, confesso que tive alguma dificuldade em escolher um tema para escrever um artigo de opinião como regularmente o faço neste jornal. Não porque não abundem temas e assuntos de grande importância no nosso quotidiano, antes porque a maioria dos assuntos com verdadeiro interesse de reflexão e análise, continuam a ser dignos de reparos pelas piores razões.
Foi por isso que, enquanto caminhava pela rua e arrumava as minhas ideias para escrever sobre um assunto, acabei por me sentar junto do computador e comecei a bater nas negras teclas, produzindo aquele banal e repetitivo som numa relação muito impessoal, mas muito parecido com a atividade do nosso Município…
E, enquanto escrevia, caía uma “notificação” no computador a dar a triste notícia da morte do grande e muito ilustre artista José Mário Branco: músico, compositor, cantor… e muitas e muitos da minha geração lembrar-se-ão, por certo, das suas músicas e letras, e da denominada Música de Intervenção, fazendo parte deste movimento musical, entre outros grandes cantores, Zeca Afonso, Sérgio Godinho, Fausto, Adriano de Oliveira; também trabalhou noutro estilo musical, o fado, com artistas como Carlos do Carmo e Camané; foi um homem íntegro que lutou e interveio sempre na defesa da justiça e da liberdade. É rico todo o património que nos deixa.
Mas ao falar de José Mário Branco e em sua homenagem, quero também aqui partilhar a minha justa homenagem a todos os trabalhadores do Município, desde assistentes operacionais, assistentes técnicos, técnicos superiores, coordenadores, chefias de divisão e direções de departamento, dedicando-lhes a faixa “Do que um homem é capaz”, do álbum editado em 2004, Resistir é Vencer, dedicado à resistência do povo timorense.
Mas porquê dedicar a faixa “Do que um homem é capaz” aos trabalhadores do município? Porque quem ouve ou lê a mensagem da referida faixa não pode ficar indiferente ao seu sentido, comparado com tudo o que se passa na nossa Câmara de Barcelos.
Já denunciei nos locais próprios as arbitrariedades, as perseguições, os saneamentos persecutórios de gente humilde só porque não foram candidatos pelo PS ou não se inscreveram enquanto militantes, ou ainda porque podem, simplesmente, simpatizar com outras forças políticas! Toda a gente sabe, e os próprios também deviam saber, que a passagem dos políticos, quer eleitos quer nomeados, para todas as organizações públicas, particularmente para os órgãos autárquicos, são efémeras. Os políticos saem e renovam-se, os trabalhadores permanecem! Ninguém terá dúvidas quanto às competências e dedicação dos trabalhadores e dirigentes do Município. Infelizmente, muito mal tratados nestes últimos anos.
Termino evocando de novo o título do álbum de José Mário Branco: Resistir é Vencer!
A todos um bom Natal.
Domingos Pereira – Vereador do BTF na CM de Barcelos
(Artigo de opinião de Domingos Pereira. Com a edição de 28/11/2019, do Jornal Barcelos Popular)
Um Ingrato
O que hoje aqui escrevo é sobre a postura de Miguel Costa Gomes, não pelos seus artigos de opinião mas a quem através deles às vezes quer atingir, como no seu último artigo (pelo menos por si assinado) publicado na edição deste jornal de 17 de outubro de 2019.
O ataque patético que sistematicamente é exercido sobre tudo e todos, às vezes feito de forma cobarde, por não mencionar o nome de quem quer atingir, como no seu artigo acima referido, onde o visado sou eu.
Nele são comparados os resultados eleitorais obtidos no distrito e no
concelho nos últimos anos, com destaque para os resultados do PS em 2019; as
comparações analisadas não traduzem a realidade sociológica eleitoral do nosso
concelho. Desde logo, porque os resultados eleitorais para eleições de âmbito
nacional foram sempre ganhas pelo PSD (com mais ou menos votos), desde o 25 de
Abril de 1974. Verdade ou mentira? Pois… é verdade! E já agora então por que é
que o PS não ganhou em outubro passado?
Ora, o “socialista” em apreço, esquecesse que os resultados de cariz nacional
têm uma variação maior ou menor em função do vencedor nacional (PS ou PSD). E
ser ou não governo nos atos eleitorais faz a diferença.
Afirma que o pior resultado obtido pelo PS foi nas legislativas de 2015, por ter sido eu o candidato a deputado à AR e por ser o presidente da concelhia do PS Barcelos; o PS obteve em 2015 um resultado com 18.758 e em 2019, 21.428, ou seja mais 2.670 votos; mas sejamos claros: em 2009 não era eu o presidente da concelhia do PS de Barcelos? Ah… era eu. E como justifica que sendo eu o presidente da concelhia em setembro de 2009 o PS tenha tido uma votação das maiores de sempre com 26.532 votos com uma diferença de apenas 232 votos para o PSD, a menor de sempre entre o PSD e o PS para eleições de âmbito nacional!
E como explica que o PS nestas eleições de 2019 tivesse menos 5.104 votos do que em 2009 quando era eu o presidente da concelhia? A narrativa “oca” que Miguel Costa Gomes construiu, como demonstram várias declarações públicas, e a última na entrevista a este jornal em 13 de junho passado, é a de que o resultado negativo que o PS obteve em 2015 se deveu ao facto em não o ter envolvido na campanha eleitoral (o que não é verdade) e, por isso, o resultado obtido corresponder ao meu peso político no concelho. E deduz ainda que se tivesse participado na campanha o resultado seria outro. Mas para mais ou para menos? É que em setembro de 2009 não era ele o presidente da câmara nem militante e, pelos vistos, não teve receio de ser eu o presidente da concelhia. Um ingrato!
Ora, como sabemos, Miguel Costa Gomes não participou na campanha destas últimas eleições legislativas de outubro por razões bem conhecidas. Mas como afirma, foi um excelente resultado… Então, o capital político eleitoral do PS deveu-se à Dr.ª Ana Maria Silva e a Casimiro Rodrigues, candidatos efetivos na lista de deputados por Braga à AR. Que ambos aproveitem a onda para se candidatarem à concelhia porque, afinal, o capital político a eles pertence, exclusivamente!
Já agora, e para terminar, já me desfiliei do PS há perto de três anos, mas parece que continuo a incomodar muita gente! Sou livre de seguir os caminhos onde melhor possa servir o interesse geral para bem de Barcelos e dos barcelenses. Com uma certeza: respeitar sempre o PS enquanto instituição, pelo legado que nos deixou na construção da liberdade, da democracia e da tolerância, bem como de outros partidos.”
Artigo de opinião de Domingos Pereira, Vereador do BTF na C.M. Barcelos.
Com a edição de 31 de outubro de 2019, do Jornal Barcelos Popular.
